Abel Xavier: “O Estrela foi um dos clubes que me projetou para outro patamar”

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O E. Amadora vai jogar na Liga SABSEG na temporada 2021/2022 depois de uma brilhante campanha no Campeonato de Portugal na época que agora termina.

Recorde-se que os amadorenses venceram a Serie G da 1ª fase do Campeonato e depois conquistaram a Zona Sul do play-off de acesso à subida de divisão frente a adversários de renome: Torreense, V. Setúbal e U. Leiria.
O clube, que resultou num processo de fusão entre o CD Estrela e o Sintra Football, volta assim à ribalta do futebol nacional e apesar de não contar com nomes sonantes como no passado (Miguel, Jorge Andrade e José Calado são alguns exemplos) continua a ter nas suas fileiras jogadores capazes de fazer uma boa campanha.

Outro dos jogadores que fez excelentes exibições na Reboleira foi Abel Xavier, que em entrevista ao Desporto ao Minuto revelou que “é fantástico [o regresso às competições profissionais]. É uma história que se está a refazer. O Estrela era um clube simpático, com uma grandeza humana tremenda. Foi um dos clubes que me projetou para o outro patamar, nomeadamente valorizando-me e potencializando a minha ida para o Benfica. Não o posso esquecer…”.

Na mesma ocasião, Abel Xavier disse também que “o Estrela da Amadora será sempre um clube que eu jamais irei esquecer, e que eu tenho gratidão, apesar das pessoas passarem. Acredito que a instituição permanece intacta. É uma instituição como o Estrela da Amadora é feita pela sua história, que é de grande valor, e que eu espero que, em termos desportivos, consiga afirmar-se na II Liga e, em breve, esteja no patamar que merece, e que os responsáveis possam ser reconhecidos por isso porque o trajeto não foi nada fácil, mas falta muito trabalho”.

Abel Xavier recordou como foi o seu ingresso no Estrela da Amadora, que integrava jogadores dispensados de outros clubes.
“A história do Estrela é a de um clube de uma zona periférica com quem todos simpatizam. As equipas que o clube formou, nomeadamente da formação, eram compostas por jogadores que eram excluídos, dispensados e até discriminados na sociedade. E o Estrela teve sempre cuidado nesta integração ao nível da formação. E formámos equipas extremamente competitivas […] Estive inserido na estrutura e talvez tenha sido dos jogadores com quem o Estrela da Amadora teve um retorno económico muito grande com a minha ida para o Benfica. A compensação não foi só económica, mas também desportiva, com alguns jogadores a virem para a Reboleira após a saída”.

A “história” de Abel Xavier na equipa principal do Estrela da Amadora começou cedo, mais concretamente aos 17 anos.
“… com 17 anos, já jogava na equipa principal do Estrela da Amadora. Fui internacional nas competições europeias com o Estrela e trabalhei com a equipa, ainda que não tenha jogado, que ganhou a Taça de Portugal . Do lado negativo, acabámos por descer de divisão, e isso trouxe consequências. Tenho mais coisas boas do que negativas para falar sobre o clube. Acabei por ser um jogador, a jogar na II Liga, a ser convocado para a Seleção A de Portugal e não sei se existem mais na mesma situação. Na altura da seleção Nacional estava o Carlos Queirós, que já me conhecia do aparelho federativo. São marcas muito próprias e especiais. E isso está ligado ao clube, às próprias pessoas. Por todos os clubes onde passei e que ganhei todos eles carinho e gratidão, talvez num patamar muito inicial esteja nos clubes que guardas porque havia mais humanismo dentro da estrutura”.

Ainda na mesma entrevista ao Desporto ao Minuto, Abel Xavier refere que “a minha história no Estrela da Amadora é semelhante a muitas outras por aí fora. É a história de um jogador que foi dispensado e que conseguiu erguer a sua carreira no Estrela da Amadora. Sou dispensado do Sporting com 16 anos. Quando somos dispensados de um clube como o Sporting dificilmente vamos para o Benfica, mas acabei por ir para o Estrela da Amadora que era o clube periférico que recrutava os excedentes. A comunidade africana orientava-se muito para o clube pelo posicionamento logístico que tem naquele concelho; depois, tínhamos este espírito de revolta e de querer competir contra aqueles que não nos davam valor. E isto era transformado numa força muito grande em todas as equipas da formação do Estrela da Amadora”.

“Quando falamos sobre o Estrela dizemos que foi um clube vendedor de muito talento. Tivemos na formação Miguel, Jorge Andrade, José Calado, Jordão, Miguel Geraldes e muitos mais. O Estrela também teve capacidade de ter jogadores consolidados. A formação, o Estrela ter chegado às competições europeias, os nomes de grandes treinadores que passaram pela Reboleira como o Jorge Jesus, João Alves, Jesualdo Ferreira, Manuel Fernandes, José Mourinho, e muitos outros. Fui treinado por todos eles, menos o Jesus, que até gostaria de ter sido treinado por ele, mas não tive esse enorme prazer”, finalizou Abel Xavier.