Rui Costa foi entrevistado pela BTV e falou sobre importantes decisões que tomou durante o mercado de transferências. O presidente do Benfica detalhou a valiosa venda de João Neves para o Paris Saint-Germain. Mas não só.
Abordou as saídas de Marcos Leonardo (Al Hilal), David Neres (Nápoles), Morato (Nottingham Forest) e Paulo Bernardo (Celtic). Transferências que valeram aos cofres encarnados um encaixe de quase 150 milhões de euros.
Mas não foram só saídas… no sentido inverso aconteceram as contratações de Vangelis Pavlidis, Kerem Akturkoglu, entre outros…
– Tem o plantel que perspetivava?
– Apetrechámo-nos bem, colmatámos as saídas que tínhamos para colmatar e criámos competitividade diferente no seio do plantel. Criamos um plantel de qualidade, curto, com forte presença da formação, homogéneo e competitivo. Conseguimos o que pretendíamos. O trabalho foi bem realizado, agora os resultados vão ditar se foi bem ou mal feito.
– A saída de João Neves foi o ponto mais sensível do mercado do Benfica?
– Foi uma dor perder o João Neves, mesmo. Chegámos a um valor que era inevitável. Sabemos que o João não queria sair do Benfica, mas há números que se tornam inevitáveis para o jogador e para o clube. Este foi o mercado mais baixo desde 2016 ou 2017, o primeiro em que não houve uma transferência acima dos 100 milhões de euros.
Chegadas de Pavlidis, Akturkoglu e saída de João Mário
– Pavlidis é uma aposta ganha?
– Tem prestações altíssimas para ele e para a equipa. Os golos vão aparecer com naturalidade. Estava referenciado há muito tempo, estamos muito satisfeitos com a dupla Pavlidis/Arthur Cabral.
– Como analisa a chegada de Akturkoglu?
– Chegou no último dia por causa das novas leis da imigração. Nos três jogos que esteve muito bem, espero que continue assim.
– Esperava vender João Mário?
– Houve um elo de ligação que se partiu. Nós e o jogador entendemos que era melhor seguirmos caminhos diferentes. Foi dos homens mais extraordinários que encontrei no futebol, deu-nos muito.
«Neres não era titular indiscutível»
– E a saída de Neres? Foi complicada?
– Tem 27 anos e variou muito entre o banco e a titularidade. Já no ano passado surgiram propostas por ele e ele queria mudar de ares. Aceitámos a saída do Neres por um valor substancial e por um jogador que não era titular indiscutível no Benfica.
– Marcos Leonardo chegou em dezembro mas ficou pouco tempo… Porquê?
– A saída do Marcos Leonardo estava relacionada com opções estratégicas do plantel. Contratámos o Pavlidis, que até agora parece ter justificado a sua aquisição. Quisemos ficar com apenas dois pontas de lança mais um que pudesse fazer outras posições. Fomos evitando as propostas pelo Marcos Leonardo até que chegou uma de 40 milhões de euros… foi uma venda inevitável…
– Bruno Lage teve influência na construção do plantel?
– Não. Quando se faz um plantel, faz-se à imagem do treinador e na altura era Roger Schmidt. Sabia que este plantel não se moldava muito à imagem do Bruno Lage mas acho que ele está satisfeito.
– Como estão as contas do Benfica?
– Esta época vendemos mais do que comprámos. Tivemos 114,7 milhões de receita e 40 milhões de investimento, sendo que poderão acrescer jogadores que vieram com opção de compra. Tivemos um resultado negativo nas contas acima dos 30 milhões de euros e não vou embelezar, não é isso que pretendemos fazer, mas as pessoas têm de perceber que o ‘timing’ da venda influencia muito. Se tivesse aceitado a primeira proposta do João Neves, tínhamos hoje um resultado positivo. Digo isto para tranquilizar os sócios do Benfica. Não estamos aqui sem saber o que estamos a fazer.
«Lamento saída de Fernando Seara»
– Que comentário lhe merece a saída de Fernando Seara de presidente da mesa da assembleia-geral?
– Lamento profundamente, sei o sentimento que ele tem pelo Benfica e tenho muita pena que tenha acontecido isto. Deixo-lhe um grande abraço e um agradecimento por tudo o que ele deu ao clube. A proposta global [revisão dos estatutos e aprovação de contas] foi aprovada.