A equipa de Luta Olímpica/Luta Greco-Romana do FC O Despertar de Casal de Cambra brilhou no recente Campeonato Nacional de Luta Olímpica, realizado em São Brás de Alportel no passado dia 20 de Outubro.
Rodrigo Santos, David Alheiro e os juniores Bruno Cardoso e Leonor Augusto sagraram-se campeões nacionais, João Simões, Patrick Pereira, Carlo Figueiredo, Sara Silva Santos e os juniores André Alheiro, Gonçalo Toscano e Maria Gabriela Santos conquistaram a medalha de prata, enquanto Thiers Calado e Cristian Carvalho ficaram com a «rodela» de bronze.
Neste sentido, o JORNAL DESPORTIVO entrevistou o treinador Flávio Ribeiro, que fala um pouco de si, do clube e da modalidade que tanto gosta. Flávio Ribeiro começou por revelar um pouco do seu percurso como mister: «Iniciei a minha trajetória como treinador de Capoeira, apoiando o meu mestre Nélson Barros no APELARTE, um projeto social e comunitário dirigido a jovens da Quinta da Fonte, Terraços da Ponte e Camarate. Mais tarde, fui para o Sporting para ser treinador de capoeira, luta olímpica e greco-romana. Em Casal de Cambra colaborei com a Performance Fit e o Fitness Friends, antes de ingressar no FC Despertar.
Na Luta Livre desde 2015
A modalidade de Luta Livre/Greco-Romana iniciou-se há cerca de nove anos e a primeira aula foi ministrada por Flávio Ribeiro a 2 de Dezembro de 2015 e assim «pretendo continuar enquanto me quiserem», acrescenta o técnico.
«O FC O Despertar tem 26 atletas de luta livre/greco-romana filiados. No entanto, muitos outros não estão inscritos devido a dificuldades como o pagamento da mensalidade e horários escolares sobrecarregados, que limitam a prática desportiva. Este é um ponto que o Governo deveria reconsiderar, pois a falta de atletas pode levar ao fim de várias modalidades», diz Flávio Ribeiro, acrescentando: «Além disso, não recebemos apoio financeiro da Junta de Freguesia de Casal de Cambra ou da Câmara Municipal de Sintra, o que poderá ser crucial para ajudar atletas que deseja treinar, mas que não tem recursos para cobrir mensalidades, equipamentos de treino e competição. É importante notar que muitos desses atletas, que enfrentam dificuldades financeiras e têm o horário sobrecarregado e como meio de desanuviar após o cansaço escolar, acabam por se desviar; em vez de aproveitarem o tempo para treinar, podem perder-se em atividades fúteis e em caminhos menos positivos» explica o técnico.
«Eles querem ser os melhores»
Em relação aos objetivos dos atletas, Flávio Ribeiro refere: «Eles querem ser melhores a cada dia e, claro, ganhar, ganhar, ganhar! Representando sempre a Escola de Luta Olímpica/Greco Romana FC «O Despertar» da melhor forma possível tanto que 2024 está a ser ótimo a nível de performance individual e coletiva obtendo muitos campeões em diversas categorias nos Opens e Nacionais em que participaram e muitas taças de 1.º lugar.»
«Nem tudo são rosas»
No entanto, nem «tudo são rosas», pois o dia-a-dia é complicado: «Conciliar o tempo entre a família, o trabalho e as aulas, infelizmente, em Portugal, não é viável viver apenas do rendimento que a luta proporciona, que é praticamente nulo e mal cobre as deslocações…. temos de o fazer por paixão, colocando de lado a questão financeira. Não podemos concentrar-nos apenas em dar aulas, infelizmente. É necessário acompanhar os atletas em todas as etapas do treino diário, o nosso objetivo como treinador é que os atletas atinjam um nível de excelência para representar Portugal além-fronteiras.»
Outras das dificuldades que o responsável técnico das lutas olímpicas e greco-romana sente é o estigma associado à modalidade. «Muitas pessoas pensam que os desportos de luta é só «andar à porrada». É precisamente o oposto, pois o que a prática das artes marciais proporciona a crianças, jovens e adultos é o bem-estar físico, mental, companheirismo, respeito e a vontade em melhorar em vários aspetos, além da luta em si. O exemplo disso são os combates que realizam entre si nos torneios, embora busquem superar o adversário, após a competição todos convivem com respeito e humildade, o que se refere na sua vida social, incentivando-os a serem melhores e ajudarem.»
«Quero muito continuar no clube»
Apesar de ser difícil fazer futurologia, Flávio Ribeiro tem um desejo: «Quero muito continuar neste clube, mesmo que não tenhamos as condições ideais de um clube de topo. Precisamos de patrocinadores, algo que nunca tivemos, pois não é apenas o futebol que precisa de apoio. As modalidades também necessitam de recursos financeiros para adquirir material de treino e indumentária, tanto para representação do clube como para competições, uma vez que esses equipamentos se desgastam e são dispendiosos.
A terminar, o técnico deixa um desafio a todos os leitores do JORNAL DESPORTIVO: «Gostaríamos que nos seguissem, que conhecessem o nosso percurso e o que já conquistámos, além do que ainda está por vir, claro. Apoiem os nossos atletas que participam regularmente nas competições nacionais e que representam a Seleção Nacional.»